Vamos à Farmácia | Ana Quintela
Gerir a Rinite Alérgica
A rinite alérgica é uma doença respiratória crónica que se caracteriza por uma inflamação do nariz em resposta a alérgenos, originando produção excessiva de secreções nasais, congestão nasal, prurido (comichão) no nariz e espirros. É uma doença que está muitas vezes associada a outras doenças ou complicações como a asma, a conjuntivite, a sinusite, a otite, a faringite e a laringite.
É habitual que os doentes com rinite alérgica minimizem a sua situação e acabem por tentar geri-la sozinhos, adiando a procura de ajuda médica. Em farmácia comunitária temos diversos doentes dependentes de descongestionantes nasais que muitas vezes adiam a procura de ajuda mais apropriada para os seus sintomas.
Causas mais comuns para a rinite alérgica
Pólen – Quando há alergia ao pólen, a rinite tende a piorar de manhã e nos dias com mais vento. A rede Portuguesa de Aerobiologia normalmente alerta a comunidade para as épocas mais críticas em que se prevê uma concentração mais elevada de pólen conforme as regiões do país.
Ácaros – No caso de alergia aos ácaros, para minimizar os sintomas de rinite é importante aspirar com mais frequência a casa e higienizá-la mais eficazmente, particularmente o quarto, os colchões e os sofás. Casas com mais humidade também favorecem a propagação dos ácaros, pelo que pode ser necessário arejar mais a casa e recorrer a desumidificadores.
Fungos – Mais uma vez, casas muito húmidas que tenham crescimento de fungos no tecto, paredes e guarda-fatos podem aumentar as crises de rinite alérgica, sendo as crises neste caso mais frequentes à noite.
Animais domésticos – Quando verifica que os pêlos e penas estão associados a um aumento dos seus sintomas de rinite, os animais em casa são de evitar.
Outros alérgenos – Determinados perfumes, o cloro da piscina, o fumo de cigarro, ar condicionado com filtros sem limpeza adequada podem também ser causas para desencadear crises de rinite.
Tratamento farmacológico disponível
O tratamento farmacológico disponível para a rinite alérgica depende da gravidade e frequência dos sintomas, da idade e da existência de outras doenças.
Utilizam-se muito habitualmente anti-histamínicos para tratar a rinite alérgica. São comprimidos que bloqueiam a acção da histamina e melhoram os espirros, pingo no nariz e o prurido (comichão) no nariz e olhos. Embora estejam associados a sintomas de sonolência, existem já anti-histamínicos de nova geração que não provocam esse efeito secundário.
Os descongestionantes nasais tópicos são uma boa alternativa para o alívio momentâneo da congestão nasal. Existem sob a forma de gotas ou spray, algumas marcas inclusivamente juntam também a estes descongestionantes substâncias anti-histamínicas ou ipratrópio, para ajudar a secar melhor o excesso de secreções nasais. É necessário ter em atenção que estes descongestionantes não devem ser usados mais de 5 dias, pois causam dependência e se utilizados muito tempo em vez de ajudar podem acabar por agravar os sintomas nasais. De notar ainda que os descongestionantes nasais devem ser evitados se sofre de hipertensão ou outras doenças cardíacas.
Os corticosteroides nasais são uma alternativa muito eficaz na rinite alérgica. Embora demorem mais tempo a fazer efeito quando comparados com os descongestionantes nasais, os corticóides nasais têm um efeito mais duradouro e ajudam bastante a reduzir a inflamação da mucosa nasal. Podem também ser utilizados sazonalmente como preventivos, antes das épocas mais associadas a crises. Quanto ao seu uso mais prolongado, os efeitos secundários mais comuns são a secura e o possível sangramento da mucosa nasal.
Em casos muito graves de rinite alérgica podem ser recomendadas vacinas contra a alergia. Normalmente estas vacinas são administradas a doentes com sintomas difíceis de controlar, seguidos em consultas de Imunoalergologia. Após realizar testes de alergias para verificar quais os alérgenos que desencadeiam as crises de rinite, formulam-se vacinas específicas para o seu organismo se adaptar gradualmente e deixar de reagir tão pronunciadamente aos alérgenos que lhe provocam a rinite.
Tratamentos não farmacológicos
Quando se trata de rinite alérgica a higienização nasal é essencial. O nariz deve ser bem limpo com soro fisiológico ou com soluções salinas. As águas do mar tendem a resultar melhor visto que são mais mineralizadas e saem em jacto, o que permite uma lavagem mais eficaz. Fazer banhos com vapores ou utilizar máquinas de aerossol também ajudam a humedecer as vias aéreas e a remover mais facilmente as secreções.
Se sofre de rinite alérgica não se habitue aos seus sintomas!
Procure um médico antes de os sintomas agravarem, pois a rinite alérgica pode ser muito mais controlada com a toma sazonal de medicação preventiva. E quando procura ajuda na farmácia, mesmo para comprar medicamentos de venda livre, aconselhe-se sempre com o seu farmacêutico de modo a escolher as melhores alternativas para si.